Quem sou eu

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Belém, Parauapebas, Pará, Brazil
Uma vida poética.

domingo, 24 de abril de 2011

Um silêncio te ambientou
meu credo participa alguma angustiada fala
que caladamente inventou circunstâncias
porque sabia fazer somente o que quer
não sabia como evitar ou reagir à mudez
de tua voz riscante e ofensiva
destemidamente escondia-se sei lá do quê

Sabidamente inventamos nossas defesas
inutilmente indefensáveis
Agora sou eu e você
nesta luta vem, não vem
querer, não querer

Imprudentemente ou não
acionamos defesas insólitas,
sólidas vivências, às vezes inúteis e claras

Nossa sinceridade está em questão

Agora não
não é hora de vagarmos feito almas penadas
debruçadas sobre suas divagações
incertos dias

Amistosamente descubro:
quero deixar viver.
Vivo num mundo raro onde permito-me ver o outro
como meu mais próximo ensinante
do que é ser humano
despojado de maliciosas atitudes
mascaradas de sorrisos feito lagartos
ora verdes ora acinzentados
desaprendidos que são da verdadeira dimensão
claramente aperfeiçoada pelo encontro generoso
de um olhar calmo
um abraço que acomoda um episódio de dor
um sorriso iluminado e demolidor
ante faces de robôs.

LINCE


Pus-me a tentar decifrar meus escaninhos
caminhos que não sabia decodificar
comunicar com clareza minha tímida percepção

Coração vagueava caminhos cheios de esconderijos vagos
lagos perecendo por causa dos poluidores
devastadores de momentos lindos como a abertura da flor

Calor abrasante e comovente, como o encher da lua
tua fase ternamente amorosa e bela
tela de Da Vinci

Lince, o teu olhar que desnuda minha alma
calma e arrebatadora, liberta
aberta - até que enfim!

Por fim, retomo meu caminho
desocupo meus ninhos
e, vivo, assim...

INVENTÁRIO


Acordei um dia claro, propício para o inventário que fiz da minha vida. Especialmente, meus labirintos mitológicos do amor. Descobri que meus bens amorosos inclinavam-se à dores repetidas, angústias consumidoras de energias belas que viravam enredos de folhetins baratos, esconderijos de ratos. De fato, inventariando, dei de cara com meu bem mais escancarado – a felicidade, que hoje invade até meus poros. Lá estava ela, estacionada, ancorada em minha janela. É assim. Quando corajosamente abrimos nossos inventários íntimos, despertamos raros e límpidos sentimentos acolhidos na natureza do ser. E meu ser abre mão do espólio calvinista atribuído aos anos acumulados de bens atormentadores e difusos, diferentemente do meu bem precioso: eu, assim, narcisa, atualizando novas possibilidades. 

FARSANTES


Quantas vezes me suicidei...
deixando rastros de vida
sempre querendo viver
discutindo estímulos
competindo com dores
e felicidades
quantas cidades construí
e desmontei
Pra que tantas perguntas
tantos por quês?
Aaahhh!
Vacilos são virtudes que guardamos
para nos proteger.

... ... ... Etc... ...



Invade meu corpo um desejo inconfessável
daqueles segredados na intimidade de um ambiente
daqueles solicitados pelo odor lascivo da pele
daqueles misturados pela saliva
daqueles manipulados por mãos capciosas
daqueles que desatinam os olhos
daqueles que as pernas não sabem que caminhos seguir
daqueles que produzem lampiões a cada gota de suor
...
Invade meu corpo um desejo impronunciável.
Percebo que entre eu e o amor
existem mirabolantes danças
impregnadas de canções arcaicas
festejadas por  quereres já violados
e adornados por vidas perguntantes
nada respondentes
flambadas de passados natimortos
Percebo ainda que saio chamuscada
mas ainda desejando e corrompida de amor.
Ao pé da Serra detono minha acrobacia
Meus malabares orgânicos invadem
mãos contornantes e maleáveis
Mágicas povoam minha cartola
tirando brilhantes olhares
Palhaços acolhem meu riso
Segredos meu camarim abate
No picadeiro, eu e tua imagem
Imagino multifaces tentando aperfeiçoar
decantadas miragens

A magia encanta minhas tardes serranas
habitadas por caprichos inimagináveis
nos bastidores de meus ensaios
para desfrutar de novo deste grande espetáculo.

CATARSE


Abasteço-me do imponderável
exercício do viver caótico e molestante
que ignorado cotidiano produz

Confesso-me pronunciando
palavras como enigmas sem eco
robóticos passeando por sobre minhas falas

Pertenço-me sem pertencer
transitando como que por sobre ruínas
do que falta construir

Pacifico-me na impaciência destemida
da lixeira produzida por falácias comunicadas
e praticadas nas alcovas ritualizadas do poder

Ritualizo-me dia-pós-dia
competindo com incestuosos filósofos de botequim
que percorrem visivelmente contentes as misérias da vida

Crio em meu laboratório uma poderosa bomba
para reagir ao caos de avarentos senhores
feito aqueles esquizóides construídos num minúsculo
ambiente nipônico.
Destino parte de minhas forças
(preciso de uma reserva, caso erre o caminho)
aguardando uma promessa de amor
pois tu me ensinaste que a espera
não causa dano a quem conserva
uma tez  iluminada e desabrochada
depois que conheceu a liberdade consciente
pela experiência desenhada e apreendida
como as lições do ABC.
Experimento um êxtase impaciente
que convoca meus mais longínquos esconderijos
deixo-me embriagar por turbulentas vertigens transpiradas
quente-frio e um meio-termo desconhecido
É uma tempestade semelhante a não sei quê
ambientada no meu corpo úmido-seco a tremer
e vasculhar rudimentares movimentos de ser
É algo segredado a mim como que conspirando
meu controle agora desmentido
desmaiado ante tamanha turbulência
É assolador, mídia estética nada conservador
invasor estonteante sem semelhança
Não sei o que posso dizer
Não há o que dizer
Êxtase é quase assim.

FACULDADES MENTAIS

Brincamos feito crianças
com palavras por nós psicografasdas
numa linguagem ácida e mordaz
quando pertence aos outros
Mas, quando fluem de nossa possibilidade
não as esgotamos, sabendo porque

Palavras desmontadas de um mundo
quase improvável a nossa perplexia
Perplexos nos alojamos em nossas
faculdades psíquicas abundantemente acordadas
devorando acontecimentos mecanicamente vividos
comportadamente acometidos pela insuportável
ausência etiológica de alguma biografia. 
Miseravelmente acordo esta dor lacerante
rompendo acontecimentos humanamente sombrios
nem caos aflora para encontrar-me, luz

Quantas almas peregrinas, no afã de uma só vida
empobrecidas, vagando somente porque lhes sobrou
ínfimas migalhas sei lá que temores de insignificantes verdades

Furiosamente me abalo, num embate, nem sei quantos inimigos
farejam poderes tão podres quanto os abutres
arrogantes e fétidos contempladores de casebres famintos

Unifacetadas falas se arrojam pregando absurdos
proclamando surdamente vidas descontinuadas
ancoradas multi vozes afloram  combinando flores
nem sei onde estou
Pareço caminhar sobre o nada.

TIRBUTO AO SUSSURRO


Um tributo ao sussurro vem participar desta festa poética
e sussurrar suavidade caliente saído da boca de um ventríloquo
É o sussurro que participa com um olhar querendo acasalar
e sussurrar lábios promíscuos combinados aos ouvidos
O sussurro que causa arrepios produzidos da nuca para um bom paladar
Compete-me aqui sussurrar confidências que querem brincar
com  meu travesseiro que quer deslizar...
Este sussurro produzindo bruma nubla os mais abelhudos
que não sabem imaginar o sabor afrodisíaco
nunca navegado pelos incrédulos do sussurro.

SUSPENSE

Vivo a produzir lirismo
por conta de um suspense
que me desanuvia
me desvia vidas quadrangulares
e envolvo-me de seduções
ora rendadas, ora fosforescentes

É uma lírica compassadamente ambientada
por acústicos devaneios trocados contigo
quando perturbamos deliciosamente nossas almas
de calorosas palavras vivas
cheias de vida futurista
ecologicamente absorvidas e ditas
como a desfazer enganos sombrios.

Sacro


Gostaria de pensar e guardar minha autonomia
para te proteger e desvirtuar teus caminhos
que em monoblocos insiste se movimentar

Quem sabe desbotar aqueles sacralizados
estados de perfeição
tão imperfeitamente compostos
com frases bem dispostas
mas perfeitamente assimiladas
por quem te vê

Teus olhos expõem palavras discutíveis
como secretos  insultos
a povoar tuas insistentes convicções
sempre a dizer...
(mas, que voos sou?)

PULSANTE


Um
   
coração
pulsa
quantos sentimentos?
E
    o
meu corpo
pulsando todo, o que diz?

Orfeu


Um canto de orfeu se põe
como um desfibrilador
assaltando meu coração
que em resposta pulsa
a compor ritmos descompassados
como a cachoeira e o rio
que comove até os mais bravios
e arrogantes dueladores do amor

Canta orfeu pro meu coração em festa
Canta que eu quero bailar
o bailado das flores na brisa da primavera
o bailado das águas quando recebe meu corpo
Canta que eu quero enfeitar
meu ser de ardentes sorrisos
vestir-me como donzela
na descoberta do amor.

ANJO


Passeias pelos labirintos do meu corpo
como que anjo-andarilho fosses
Desalinhas meu mapeamento todo
como que explorador tu fosses

Delirante tempestade avança
Suavemente cresce a dança

Peles, suores, odores
Faíscas proliferam soltas
desarticulando incontida anatomia

Uivantes sussurros rasgando o silêncio da noite
acordando batimentos múltiplos
proliferando disritmadas canções
confundindo a respiração

Coração, narinas, bocas, mãos
Desconexos calafrios
vibrando desejos
molhados beijos
mergulhados corpos
viciosamente encharcados
matando desértica sede
até que a próxima chuvarada brote.

AQUARIUS



Os estados de consciência do poeta
são extremamente ruidosos
Ou será que são ruidosos
o poeta e a consciência de seus estados?
O que grita o poeta são seus gritos
ou o ruído do poeta são seus gritos?

Saber-se-á o que o poeta pensa
além do seu ser?

Esquinas em ruínas
provavelmente o poeta vê

Crescentemente aturdido pelo por quê
O poeta inaugura suas travessuras
pelo ritmo de seu fôlego destoado
no momento que investiga
a autenticidade de sua voz
tão audível ao seu eu
mas incertamente confessa a sua presença

Gentilmente as palavras soam
como que buscando instituir um credo: a presença
Talvez presentificar detalhes previsíveis
nalgum confronto do ser
certamente um ser da aprendizagem
que não discute temas agendados
O poeta não realizaria tal sistemática visão

Antes do instalado, o poeta está
Convenhamos!
É preciso se antecipar aos fatos
Por isso a poesia se instala
sem fatos ou acasos
Persistirá o ser
o ser da ultrapassagem
o andarilho das trevas e da luz

Talvez sejamos abruptamente configurados
como a apreensão do visível
Mas o visível, quem não o vê?!
Confiscar a visão sesível é a grande ruína
Sentenciar sobre o homem, também

Já nasceu a nova era
por isso acrise instalada
Por motivos aquarianos
do caos virá a liberdade

Sejamos aprendizes!

Certamente renasceremos do pó
que os olhos hão de comer.

Flash

Venci meus tormentos
preenchi meus vazios
acometi-me de sentimentos
mais nobres, impossível

Minha pele se aquece
num simples flash de tua imagem
rompendo em mim

Meus pés se resfriam
num simples desvio do meu pensamento
angulado em ti

Minha nuca irradia energias diversas
que se reverbera explosivamente
em minha massa corpórea
partículas de ti.

Terremoto

Abate-me caçadora em tua armadilha
tão bem construída forjada na lida
fragrância de amor

Meu coração habita agora
o líquido amniótico
aguardando explodir

Lança tua rede pescadora
convoca tua força
não poupa-me agora
já quero sentir o oxigênio lá fora
cantiga sedenta pro meu coração

Descubra-me agora
te quero sentir
amar em teus braços
sentir o repasto que quer se servir

Doma-me amazona
me leva pro pasto
e amansa o meu sangue
que está alvoroçado feito um furacão

Acode-me agora
me vem, me devora
estou mansa, pacífica
acolhendo a vida que me libertou.

Crisálida


Estou feito crisálida
avolumando-me dia-a-dia
aquarelando cores
sonhando com flores
néctas, meus voos
sutilezas e pousos
brandos ventos, contornos
Meu casulo já quer explodir.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Mistério

desejaria repousar no corforto de teu misterioso corpo. Compartilhar de teu tumultuoso amor, que brota, interroga, contagia, confunde as barreiras de puro elemento transversal - transgredir imediatamente convicções neolíticas.
Aliado ao contentamento, batimentos que combinam ritmados, meu coração abriga porta aberta... Chamemos a isto, cortejo de palavras sequer tocadas, de tão torneadas expressões.
Perante este impulso cristalino de vida, ouso dizer que arrebatadoras criaturas são capazes de experimentar tamanha abundância.
Teu coração, quero visitá-lo, num mergulho capaz de reavivar-lhe a disposição para admirar recordações felizes que se enfileiraram em suspiros encarnados de afeto, de alguém que exultar atingir um ser que contracena entre a dúvida e a beleza.

Mulher

Contemplo a mais ampla e completa polaridade de meu ser. Agora sim, sou mulher
Te aguardava como a sombra, o verão. Este calor que em mim já produz mil tolices, e aformoseia minhas sublimes fantasias.
Aprecio sinfonias diversas, ancoradas no meu corpo trêmulo ao mais simples encontro com tua imagem, já entranhada em minh'alma.
Assim reservava o destino, encanto inesplicável, de penetrar na existência íntima, tão magnífica paisagem, que arrastou minha inocente criatura a quiméricas fantasias, cujos rostos, meu e teu, destilavam secretos suspiros.
Murmúrios de elegante hino - ROSA - acelerara inevitável, o compasso gigante de curiosa impaciência que produzira meu corpo todo.
Mistérios profundos estampavem brilhante luz, de uma mobilidade gentil, atraída por tua inconfessável doçura.
Dar-me-ias, então, tua delicioasa boca, desenhada feito rosa, de um talento inimaginável, a tornar meu coração um ruidoso experimentar de sentimentos, desde os primeiros instantes, feito um tinir de espadas.

Devoto

Devotarei este encontro pra ti, meu amor
Lembras que até sonhamos juntos?
Deslocamos todos os rumores
Acordamos juntos
Só não fizemos amor
Também não nos permitimos
Mesmo assim devotarei este enigma pra ti, meu amor

Vês, combino com a cor do teu casaco?!
Até parece que nos comunicamos antes
Vestir este olhar de quero te comer
Mas aguardemos mais um pouco as 'crianças' podem chegar
Abraçadas a pseuda inocência
E, nós inocentemente querendo viver esta história

Devotarei meu espanto pra ti, meu amor
Engraçado, parece ontem, mas eu te amo
Até ironizei do cansaço
Dividi meu espaço, como se estivesse em teus braços
É muito engraçado como nos conhecemos demais
Ao ponto de acharmos tudo engraçado

Dissimularei meu lapso
De devotar um gesto ambíguo para poder te falar
De coisas comuns e boas
Que nos separam do vacilo que vamos dar
Quando este dia acertar o minuto preciso, ai eu vou profundamente te amar
Com todo ardor de uma messalina
Aberta como um devoto.

Bem-aventurada

Pouco vale as ilusões do caminho, se constroes teus eventos num ateliê solitário, cheio de insultos estupidamente incrédulos na transmigração de desejos.
Bem-aventurada és tu mulher, que hás de expandir, incontestavelmente tua originalidade, sem o sonsolo do investimento, este enfoque, replica do aprisionamento, debaixo das lajes frias de um bárbaro.
Erguei-vos almejada alma, deste emaranhado de truques. Move tuas fontes generosas. Esgota tuas convicções.
Nada há de terrível, que trilhar engolida por recordações monásticas, comumente tangível pelos cultos hipócritas.
Nada é mais sombrio do que ignorar limites, escorregar sobre dúvida plausível e examinar os elogios de um sábio.
Soubesse eu manifestar abubdância previdente de contestação, te faria semear o inevitável vislumbre de tua plenitude iniciática.
Fico aguardando capitular teu desassossego constante, diante de platéia de pioneiros - nada mais são do que os mesmos - acoplados na tentativa de reconhecer as limitações do espetáculo, aguardando a destinação do percurso, e confrontar sua própria fascinação.
O fluido da exaltação quero dar-te
Se destruíssemos a censura... qualquer coisa instintiva agrada-me.
Soerguer gentilmente o oculto, interagir oceano a fora, inextricável desapego, recuse-se, o feitor te mandaria de volta.
Se fartares ao arquiteto, esqueceres os imprevistos, renuncia, são limitadores a deslumbrar senda fria.

Brinquedo

A musicalidade da noite em meu quarto
invadia meus ouvidos
como que tentando roubar meus segredos
acolhidos em minha mudez

Ela sussurrava queixumes
por tamanha quietação de vozes

Um apelo toante
precipitava meu olhar divagado
E, curiosamente
construo movimentos
com fatias de sombras
animadas por alguma luminosidade

O convite ao brinquedo
afagou minha aventura
que se aninhava na imaginação

(meus segredos, bem-me-queres saber!)

Suspiros e carícias
rritualizavam o ambiente lúdico
prevalecendo a limpidez do som
que admite novos idiomas
quando se cala a dança das sombras.