Acordei um dia claro, propício para o inventário que fiz da minha vida. Especialmente, meus labirintos mitológicos do amor. Descobri que meus bens amorosos inclinavam-se à dores repetidas, angústias consumidoras de energias belas que viravam enredos de folhetins baratos, esconderijos de ratos. De fato, inventariando, dei de cara com meu bem mais escancarado – a felicidade, que hoje invade até meus poros. Lá estava ela, estacionada, ancorada em minha janela. É assim. Quando corajosamente abrimos nossos inventários íntimos, despertamos raros e límpidos sentimentos acolhidos na natureza do ser. E meu ser abre mão do espólio calvinista atribuído aos anos acumulados de bens atormentadores e difusos, diferentemente do meu bem precioso: eu, assim, narcisa, atualizando novas possibilidades.
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